Refletir sobre quem estamos sendo a cada momento é um passo de saúde. Num mundo que nos convoca à ação desenfreada, pausar é uma estratégia de autocuidado que todas temos à disposição.
Que tal vivenciarmos um ciclo lunar inteiro conectadas com as mesmas questões?Se for possível, comece no primeiro dia de lua nova. A noite estará escura, mas, dentro de nós,[...]
Por Inaê MoreiraIustração de Karla Ruas
Durante o sequestro colonial, meus ancestrais, que foram brutalmente arrancados de suas terras, foram obrigados a dar diversas voltas ao redor da árvore do esquecimento e atravessar a porta do não-retorno, deixando para trás seus nomes, seus idiomas, suas crenças e seus familiares. É muito mais fácil controlar um povo disperso, sem memória, e[...]
por Natasha Myers
O que vem a seguir são excertos de um projeto que estou chamando de Semeando Plantropocenos. Tomando a forma impossível e quase totalmente absurda de um guia passo a passo para sair do Antropoceno, esse projeto atende a chamados recentes por formas de fabulação especulativa. Esse formato funciona bem para canalizar tanto minha raiva com nossa presente[...]
A presença humana causou mudanças tão significativas sobre a Terra que alguns pesquisadores sugerem que ela inaugura uma nova era geológica: o antropoceno. O conceito, criado com a intenção de nomear e denunciar o impacto humano negativo no planeta, omite um dado importante: nem todos os humanos estão incluídos nesse antropoceno, pois não é a presença humana em si que[...]
Hoje temos consciência do estado preocupante em que se encontra o mundo que herdamos em razão das más escolhas tomadas por gerações passadas, guiadas por ideais coloniais que viam a natureza apenas como fonte de recursos a ser explorada em nome do “progresso”. Sabemos do aquecimento da atmosfera, da acidificação dos oceanos e da extinção de ecossistemas. Compreendemos também que[...]
por Laísla Dantas Chagas
Sobre o corpo, recaem as mais diversas formas de controle social, visto que a disciplinarização e o controle são retratados através da retenção literal dos corpos, mas não exclusivamente, pois também existe todo um discurso moral que aproxima, ou não, tais corpos de uma suposta normalidade. Tais controles agem a partir de normas de comportamentos e[...]
Como você se relaciona com os limites? Os limites do seu corpo, seu espaço, seu tempo e sua disponibilidade, você consegue mapear como foi seu aprendizado sobre eles? Em todas as nossas relações, aprendemos sobre limites. Na cultura patriarcal, por exemplo, existe a crença que os corpos, o tempo e a atençao das mulheres devam estar disponíveis ilimitadamente, especialmente aos[...]
por Laísla Dantas Chagas
No início do século XIX, a partir da modernidade/racionalidade europeia, a medicina, por meio da anatomia, biologia e psiquiatria, começou a fornecer os argumentos necessários para justificar as demarcações morais da hierarquização dos seres humanos baseada na corporalidade. Estruturas, como o esqueleto e o sistema nervoso, que antes eram vistos como comuns aos dois sexos, passaram,[...]
por Laísla Dantas Chagas
“Mulher é bicho porque sangra, seu corpo é seu brasão, não deixa ninguém esquecer que somos todos animais, mas ela é um bicho estranho, por ter seu corpo reinterpretado pela cultura.
A menstruação, com todos os rituais que a acompanham, torna manifesta a dupla natureza da mulher, como ser cultural e animal ao[...]
por Laísla Dantas Chagas
Não é de hoje que novos debates e práticas, com o intento de ressignificar a menstruação, crescem e se tornam cada vez mais públicas, trazendo assim visibilidade a um processo natural e orgânico do corpo feminino, que podem ser vistos como uma celebração à ciclicidade, ou como um movimento de enfrentamento, praticado por muitas como “ativismo[...]