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Dignidade menstrual é uma luta de todas, todos e todes

Conheça as ações da Amaluna para melhorar a vida e o dia a dia das mulheres e pessoas que menstruam

Dignidade menstrual é um assunto de toda a população. Não é uma pauta que diz respeito somente às mulheres ou pessoas que menstruam. É uma temática urgente e que deve ser olhada e ganhar a atenção de toda a sociedade.

No Brasil, lamentavelmente, muitas pessoas ainda têm dificuldade ou não têm acesso a produtos básicos e condições de higiene adequadas durante o período menstrual. Sem falar no cenário de desinformação sobre o ciclo.

Uma pesquisa realizada pelo Unicef com meninas e pessoas que menstruam indicou que 62% das entrevistadas afirmaram que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar por causa da menstruação, e 73% sentiram constrangimento nesses ambientes. Entre esses números, estão estudantes de escolas públicas de baixa renda, pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade social extrema, além daquelas recolhidas no sistema penal e em medidas socioeducativas vem enfrentando.

O Brasil precisa de políticas públicas urgentes e eficazes para enfrentar esse problema. E nós, enquanto sociedade, precisamos nos mobilizar para que isso aconteça.

O mês de maio é marcado pelo Mês da Visibilidade Menstrual. Aproveitamos esse período e reunimos aqui algumas iniciativas que realizamos pela Amaluna para ajudar a conscientizar, levar informação e contribuir no combate à precariedade menstrual.

Antes de tudo: Prazer, nós somos a Amaluna

A Amaluna nasceu em 2021, a partir de um desejo de apoiar instituições, coletivos, organizações ou causas lideradas por mulheres negras, indígenas, camponesas e/ou periféricas em situação de vulnerabilidade social.

Parte dos recursos que recebemos com as vendas da Mandala Lunar são destinados para mobilizações que atuam na promoção da segurança alimentar, educação, autonomia e dignidade menstrual e no combate à violência de gênero.

Dessa forma, quando você compra a Mandala Lunar também está auxiliando nas ações da Amaluna.

Entre as iniciativas que realizamos, estão oficinas, rodas de conversas, doações de Mandalas e bioabsorventes e apoio institucional, as quais detalhamos abaixo:

AÇÕES EM PROL DA DIGNIDADE E DA EDUCAÇÃO MENSTRUAL

Confecção e doação de bioabsorventes

Como parte das nossas ações pela dignidade menstrual confeccionamos nossos bioabsorventes Amaluna. Feitos em tecido de algodão e uma camada impermeável, criamos kits com 4 unidades para doação para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Fizemos doações dos kits em escolas, aldeias e projetos sociais e entre 2021 e 2022 doamos um total de 1200 unidades de bioabsorventes. Junto dos bios, confeccionamos um material educativo sobre como usar e conservar seu bioabsorvente Amaluna. Você pode ver aqui!

Oficina de bioabsorventes e educação menstrual

Outra ação que fazemos pela Amaluna são as rodas de conversa ou oficinas de educação menstrual e também de confecção de absorventes. 

Em 2022 desenvolvemos um projeto junto a FASE (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul) com oficinas de confecção de bioabsorventes voltadas tanto para as educadoras da instituição quanto as sócio-educandas (usuárias do sistema). A FASE é uma Instituição educativa voltada para adolescentes que cometeram infrações e !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O projeto, que ocorreu entre abril e julho de 2022, iniciou com uma conversa sobre menstruação, precariedade menstrual, sobre o feminino e sobre a responsabilidade com o planeta. Depois, os demais encontros foram voltados para o ensino da confecção de absorventes sustentáveis, reutilizáveis, feitos de tecido. A Amaluna forneceu todo o material. As oficinas aconteciam dentro da unidade, na sala de costura.

“Além de aprender a costurar, era um momento de partilha entre mulheres”, comenta Sabrina Silva Collins  – agente socioeducadora

Também como parte da parceria com a FASE, doamos todos os anos Mandalas Lunares para funcionárias e usuárias da Instituição. 

Doações de unidades da Mandala Lunar & oficinas de educação menstrual 

PRESÍDIOS FEMININOS

Periodicamente, a Amaluna realiza oficinas de educação menstrual, rodas de conversas sobre ciclo menstrual e saúde feminina, além de doações de Mandalas Lunares em presídios femininos, como a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba e a Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre.

Em Guaíba, recentemente, realizamos distribuição da Mandala Lunar para todas as detentas e funcionárias da instituição por dois anos consecutivos. 

Em Porto Alegre, neste ano também entregamos Mandalas para todas as detentas e suas familiares e servidoras do presídio em um evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher. No encontro, contamos com a participação da rapper e poetisa Agnes Mariá Cardoso. Este é o segundo ano que entregamos as Mandalas para as apenadas. “Elas já estavam ansiosas para receber a nova edição”, comenta Rafaelle Fernandes, diretora da penitenciária. 

Para ela, a iniciativa “representa uma nova forma de ver o sistema carcerário como parte de um todo na sociedade civil, e não como algo que deve ser escondido e ignorado. É imprescindível que mulheres, ainda que em situação de prisão, sejam vistas como mulheres dignas de reconhecimento e pertencentes ao grupo social, pois isso impacta diretamente no senso de valor e autoestima da pessoa privada de liberdade”.

O sistema prisional precisa ser reconhecido como um espaço de formação de seres humanos, que serão reinseridos na sociedade. E isso passa, reforça Rafaelle, “por um tratamento humanizado, que seja capaz de proporcionar atividades culturais, informativas, educativas e de autoconhecimento”.

DEPOIMENTO DA APENADA J. T. M. S:
“Gostaríamos de agradecer muito pelas Mandalas. Já tínhamos recebido no ano passado e foi muito importante, pois fala de várias coisas relacionadas ao corpo da mulher e experiências femininas. Eu uso a minha para levar na escola também, anoto coisas da aula e pensamentos que tenho durante os dias”.

ESCOLAS PÚBLICAS

As iniciativas da Amaluna também se estendem a escolas da rede pública. Veja os relatos da Escola Municipal Ensino Fundamental General Osório, de Canoas (RS), e do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre (RS).

EMEF General Osório – Canoas/RS

A entrega das Mandalas Lunares aconteceu em um sábado letivo na escola, que marcou o início de um projeto intitulado “Para quem menstrua: dignidade, saúde e autoconhecimento”. O objetivo era trazer assuntos relacionados à saúde, lançando também a campanha de arrecadação de absorventes e itens de higiene. Neste dia, houve uma roda de conversa com estudantes, familiares, professoras e professores. A Mandala Lunar foi apresentada, como forma de incentivo ao registro diário de emoções e sentimentos, elaborando pensamentos e abrindo a possibilidade de troca de saberes.

“Foi um momento bonito de partilha, quando algumas pessoas se sentiram a vontade para relatar situações e contar um pouco sobre suas vivências e até receios de falar sobre menstruação. Uma mãe contou o quanto achava difícil abordar o assunto, e agradeceu por proporcionarmos um momento para isso. Ela confirmou que estávamos dando um passo importante para transformar a realidade”, relata a professora Carolina Dias.

Ela acredita que a ação tem um impacto positivo no ambiente escolar.  “É notável que desde a entrega das Mandalas, as estudantes se sentiram mais vistas, mais acolhidas. Algumas estudantes se abriram mais após essa parceria para conversar sobre outros assuntos, para pedir ajuda.”

Além disso, Carolina destaca que a Mandala contribui para o incentivo à leitura. “Vi estudantes levando a Mandala para o recreio, para escrever sobre seus momentos pessoais – processo que foi acontecendo naturalmente, após a conversa e entrega do material”.

A professora disse que muitas professoras, funcionárias e estudantes não conheciam a Mandala, mas que ficaram encantadas com o material, principalmente pelas ilustrações.  “A forma com que as informações são colocadas é muito empoderador. Não há como descrever a felicidade que eu tenho sentido cada vez que vejo alguma estudante com a Mandala na mão ou até aquela ex-aluna, que já saiu da escola mas foi até lá ganhar esse presente e me manda uma fotinho tendo um momento de escrita na Mandala, em meio a um turbilhão que é sua vida. É emocionante! Muito obrigada!”

Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre (RS)

No colégio conhecido como Julinho, as Mandalas Lunares foram entregues no aniversário da escola, em março de 2023. “As alunas adoraram e umas diziam que não queriam nem escrever na agenda para não estragar”, comenta a vice-diretora Gina Marques. “Elas abrem e ficam lendo e comentando com as colegas e também relatam que na agenda tem coisas que elas sabiam. Estimulou muito a leitura e a escrita”, continua. Ela conta também que as meninas pediam agendas extras para familiares. 

FAE – Feira de  Agricultores Ecologistas – Porto Alegre (RS)

Há três anos, distribuímos Mandalas Lunares e bioabsorventes e realizamos rodas de conversas com agricultoras da FAE.“Foi uma ação de grande importância pensando em educação sexual e empoderamento feminino, levando em consideração quem somos e porque somos. É uma parceria muito importante. A Mandala, com uma ferramenta de autoconhecimento, é fantástica! E, para nós, agricultoras, abre nossos horizontes para uma descoberta dos nossos próprios corpos. Creio que é um mecanismo de educação sexual e empoderamento, para que cada uma de nós se torne cada vez mais forte”. – Depoimento de Fran Bellé, agricultora ecológica e estudante de nutrição.

THÊMIS

Desde 2021 a Amaluna é uma das parceiras da Themis- Gênero, Justiça e Direitos Humanos. Em meio à pandemia, houve a distribuição de cestas básicas mensais para famílias em situação de vulnerabilidade social. Passado o período mais crítico, hoje segue com a distribuição de Mandalas Lunares, impactando mulheres dos bairros Restinga, Cruzeiro, Eixo Baltazar e Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, além de Guajuviras, em Canoas, e Guaíba.

“A Mandala Lunar chega para as PLPs e JMCs através de uma parceria que está auxiliando muitas mulheres na jornada de autoconhecimento.” – comenta Ayenne Conceição, assessora administrativa. 

Sobre a Themis

A THEMIS desenvolve ao longo de 30 anos, o programa de empoderamento legal com a formação de Promotoras Legais Populares (PLPs), de Jovens Multiplicadoras de Cidadania (JMCs) e, mais recentemente, de Trabalhadoras Domésticas (TDs). O objetivo é a promoção de aprendizagens, mudanças culturais – nos níveis individual e coletivo – em favor da igualdade de gênero a partir de uma perspectiva interseccional, contemplando especialmente o enfrentamento das desigualdades de gênero em suas dimensões de raça e classe.

O programa aproxima as mulheres e suas comunidades dos instrumentos e organizações formais da justiça, para que estas conheçam seus direitos, compreendam quais as formas de defendê-los e implementá-los, e sejam capazes de intervir e participar do debate público para a criação de um mundo que contemple suas reais necessidades.

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E se você conhece algum projeto com o qual podemos colaborar, indique neste formulário.

Para saber mais sobre a Amaluna, criamos uma sessão especial aqui no nosso site.

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