Arte de Jaya Cósmica
O ciclo menstrual é o ciclo hormonal através do qual o corpo produz hormônios que contribuem para a saúde e o funcionamento do organismo. É um processo natural para mulheres e pessoas com útero, mas ainda assim é um tema envolto por tabus, falta de diálogo e de informação.
A menarca, início do ciclo menstrual da mulher, normalmente ocorre a partir de 10 a 13 anos de idade. Conforme dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (IBGE), no Brasil a idade média da menarca foi de 12,8 anos. Em relação à menopausa, para a maioria das mulheres acontece entre os 45 e os 55 anos de idade. O que faz com que a maioria das mulheres e pessoas com útero tenham em média 32 anos de ciclo menstrual.
O mês de maio é voltado para os debates ao redor desta temática, para que possamos ter mais conhecimento do ciclo menstrual, assim como mais políticas públicas para que todas as pessoas possam viver sua menstruação com dignidade.
No Brasil o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revela que 713 mil meninas vivem em casas sem banheiro ou chuveiro, e mais de 4 milhões não têm acesso a itens básicos de higiene nas escolas.
A pobreza menstrual ou precariedade menstrual é um conceito complexo e transdisciplinar que abarca essa falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que todas as pessoas que menstruam possam ter capacidade e autonomia para cuidar da sua menstruação.
Conforme a Agência Senado, uma em cada dez meninas ao redor do mundo falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes.
Há 2 anos, desde 2023, temos no Brasil o Programa Dignidade Menstrual, uma iniciativa do Governo Federal para promover a saúde de quem menstrua e dar oportunidades para que acessem espaços e outros direitos sem restrições. Dessa forma, o programa também promove equidade de gênero, justiça social, educação e direitos humanos.
Conforme o Programa Dignidade Menstrual:
Uma das formas de termos mais conhecimento sobre a menstruação e, consequentemente, mais autonomia sobre ela, é a partir da educação menstrual e daquilo que chamamos de alfabetização corporal: o conhecimento do nosso corpo e do nosso ciclo.
Nomear como “menstruação” é um passo importante para iniciar essa educação. Não utilizarmos outros termos para falar sobre ela: “estou naqueles dias” e “tá de chico?”, por exemplo, são termos ainda utilizados em muitos locais e que poderiam já estar fora do nosso vocabulário, pois demonstram um tabu em relação aquilo a que nos referimos realmente – o nosso sangue menstrual.
“No dia de celebrar a saúde das mulheres — e de todas pessoas que ocupam corpas de fêmea —, convidamos você a refletir sobre quais recursos possui para ter mais autonomia e autodeterminação em seus cuidados, e também a celebrar o seu acesso à água potável, alimentos saudáveis e agroecológicos, informação segura e confiável e profissionais de saúde respeitosos — e refletir sobre quem tem ou não acesso a tudo isso. Que cada uma de nós seja a protagonista da sua própria saúde!” (Ellen Vieira, para a edição da Mandala Lunar 2021)
Documentário Absorvendo o Tabu
No nosso blog também temos diversos conteúdos relacionados à menstruação, como:
Ciclo menstrual muito longo: o que pode ser e como investigar?
Pequeno manual de insubordinação a consultas ginecológicas
E se você quiser ver mais, temos uma seção no nosso blog toda dedicada para falar sobre Educação Menstrual
Referências:
Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos