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Amaluna realiza roda de conversa sobre autocuidado e alfabetização corporal em Guaíba, no Rio Grande do Sul

Com o desejo de expandir um trabalho de educação orientado para a autonomia e a dignidade menstrual das mulheres, a Amaluna realizou, no final do mês de abril, uma roda de conversa na cidade de Guaíba, em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do local. A atividade teve foco no autocuidado e na alfabetização corporal e estiveram presentes seis meninas com idade entre 14 e 18 anos. Elas também receberam Mandalas Lunares de presente.

A roda de conversa aconteceu no gramado externo e a conversa fluiu de forma leve e orgânica. Iniciamos em roda, de mãos dadas e em silêncio, aterrando e tomando consciência das nossas presenças. Depois dispomos algumas palavras no chão e pedimos que cada uma escolhesse a que mais definisse seu estado emocional, falasse seu nome e como se sentia, mostrando o papelzinho. Foi uma ferramenta que permitiu que a conversa começasse com elas já falando sobre si mesmas, minimizando uma possível timidez que costuma tomar conta das apresentações iniciais.

Na sequência dispusemos alguns livros e objetos relacionados ao tema da menstruação e iniciamos a conversa. Alguns temas abordados na roda foram: a menstruação, auto observação e auto conhecimento como ferramentas de auto gerenciamento da vida e do tempo, relação pessoal com a menstruação e corpos ciclados, ⁠relação social com a menstruação (como somos socialmente incentivadas a esconder e a não falar sobre), ⁠anatomia do órgãos relacionados ao ciclo menstrual com linguagem mais inclusiva (como, por exemplo, ao invés de chamar de “grandes lábios” chamar de “lábios externos”, pois nem sem sempre a mulher tem o lábio externo maior que o interno, e também menos patriarcal, como ao invés de chamar de “trompas de falópio” chamar de “tuba uterina”), ⁠tipos de absorventes (com doação de kit de bioabsorventes e incentivo ao uso, bem como formas de higienizar), ⁠respeito a si mesma e ao corpo no momento da menstruação (se for possível, se acolher no descanso e quietude quando o corpo pedir).

As meninas interagiram bastante, fizeram perguntas, compartilharam seus conhecimentos e suas surpresas sobre as informações trazidas, e também falaram sobre suas vivências.

A assistente social Jéssica, que tem contato semanal com as participantes, disse: “Fiquei muito surpresa com a naturalidade que falaram dos temas trazidos”, e afirma que isso ocorreu porque a condução foi leve e descontraída.

Ela também comentou que ao conversar sobre este tema, percebe que as meninas se aproximaram entre elas, pois viram que têm as mesmas dúvidas e medos. Duas delas procuraram Jéssica após o encontro para falar sobre a Mandala Lunar e tirar algumas dúvidas sobre a forma de usar.

“Precisamos de mais espaços como este e de ferramentas como a Mandala Lunar para nos guiar na descoberta do nosso sagrado. Precisamos aprender a falar de amar nossos corpos e nosso feminino. Isso é poder. Isso é amor”, completa Jéssica.

Além da roda de conversa no CRAS de Guaíba, a Amaluna também realizou outras doações de Mandalas Lunares 2025 para mais de 30 diferentes iniciativas:

Cineclube E-Resistência (BA), Adolescentes da Comunidade Santa Vitória – Projeto CineSUS (SC), ANMIGA (DF), CAPS Harmonia (RS), Centro social de Barra grande (BA), Circo da Lua (BA), CRAS Guaíba (RS), EBM Profa Zulma de Souza Freita (SC), Encontro de Mulheres Agrofloresteiras (RS), Escola Protásio Alves (RS), FAE (RS), FASE (RS), Gesto Uterino (SC), IFRS Campus Alvorada (RS), IFSC Campus São José (SC), Impacta Pretas (PR), IFRS de Rolante (RS), Kaingangs (RS), Kilombo N’ganga (RN), Ministerio dos Povos Indígenas (DF), Morada da Paz (RS), Mulheres Agrofloresteiras (RS), Mulheres do Coletivo Porto do Boi (BA), Mulheres Indígenas FOIRN (AM), Mulheres indígenas Parque das Tribos (AM), Mulheres indígenas Sateré e Centro de Saúde Indígena (AM), Mulheres Kaxinawa – Huni Kuin (AC), Mulheres Puri (RJ), Ocupação 9 de Julho (SP), Okupa Kaliça (RS), Penitenciária Feminina de Guaíba (RS), Projeto “Mulheres do mar” (BA), Projeto Flor (SP), Projeto Travessia (MT), Tekoa Pira Rupá (SC), Terra Indígena Tenondé Porã (SP).

*A Amaluna foi criada em 2021 com o intuito de investir recursos financeiros e desenvolver atividades de educação menstrual, combate à violência de gênero, promoção da segurança alimentar, autonomia e apoio institucional junto a coletivos de mulheres (ou liderados por mulheres) em situação de vulnerabilidade social. Todas as pessoas que adquirem uma Mandala Lunar também colaboram para que os projetos da Amaluna sigam existindo. Esse é um fazer que nos mobiliza, e queremos seguir contando com vocês. 

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