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As mulheres ficam férteis durante um curto período do mês, por um determinado período de suas vidas (desde a menarca, a primeira menstruação, até a menopausa, a última menstruação). Quando uma menina nasce, ela já tem dentro de si todos os ovócitos que vão se tornar seus óvulos à medida que ela amadurecer e começar a desenvolver as glândulas e os hormônios que regem o ciclo menstrual. Os homens, por sua vez, produzem duzentos milhões de espermatozóides diariamente e estão férteis em qualquer dia do mês e durante a maior parte de suas vidas. A partir da puberdade, as meninas e mulheres liberam um (raramente dois) óvulos por mês.
Os processos que ocorrem em nosso ciclo menstrual são regidos por uma orquestra perfeita e sincrônica de hormônios. O óvulo que amadurece dentro dos ovários é liberado para as trompas, onde aguarda pela sua fecundação. Se for fecundado, ele vai para o útero, onde é fixado, dando início à gestação. Se não for fecundado, o óvulo é liberado junto com todo o tecido de revestimento do útero, o endométrio, que é a nossa menstruação. O nosso sangue menstrual é portanto a terra fértil que receberia e geraria uma vida, mas, quando não há a fecundação do óvulo, é liberada pelo organismo. Quando estudamos o ciclo menstrual na escola, geralmente aprendemos sobre esse processo de um ponto de vista externo, entendendo o que é a menstruação e ovulação mas sem aprender a ler nossos corpos e perceber as sutis mudanças que ocorrem durante nosso ciclo.
Do ponto de vista biológico, o ciclo menstrual é dividido em dois momentos: fase folicular e fase lútea. A menstruação dá início à fase folicular; já a ovulação inicia a fase lútea.
A menstruação é um sangramento que ocorre cerca de 14 dias após a ovulação, ou seja, ela é o resultado da ovulação do ciclo anterior. Após a ovulação, o corpo ativa novamente um cronômetro pessoal e exato que já sabe a data da menstruação, ou seja, a menstruação nunca atrasa. O que pode atrasar é a nossa ovulação, que se adapta às diferentes situações externas, aguardando o momento propício para acontecer.
A menstruação dura de 3 a 7 dias com sangue vermelho vivo. O ciclo menstrual tem duração aproximada de 28 dias, mas cada mulher tem seu próprio padrão e podemos considerar um ciclo saudável aquele que tem entre 22 e 32 dias. Quando nosso ciclo tem uma duração menor ou maior que essa média, podemos investigar algum desequilíbrio hormonal ou energético em nosso ser. No entanto, é normal que fique desregulado durante a puberdade, após uma gravidez ou após o uso contínuo de hormônios contraceptivos. É preciso paciência para esperar nosso organismo encontrar seu próprio equilíbrio, ajudando-o através de uma alimentação saudável, exercícios físicos, exposição à luz da Lua e do Sol, assim como outras terapias como acupuntura e o uso de plantas medicinais.
Aqui listamos o que acontece em cada parte do nosso corpo ao longo dessas fases do ciclo e indicamos sinais e sensações que você pode observar em si mesma para identificar tais fases. Estude seu ciclo menstrual, conheça seu corpo, sua fertilidade e aproprie-se do conhecimento necessário para manter sua saúde, sexualidade e contracepção de forma natural, consciente com autonomia e liberdade.
O tempo de duração do ciclo menstrual varia de mulher pra mulher e mesmo de ciclo para ciclo, e conhecer tais padrões nos ajuda a entender o nosso próprio corpo. É importante observar as manifestações cíclicas no nosso corpo a partir de uma mirada interna e não a partir de calendários e aplicativos que te apontam de fora o que está acontecendo internamente. É somente com a observação, presença e registro que conseguimos perceber nosso corpo, seus ciclos e padrões.
Fase folicular: A fase folicular começa com o primeiro dia de sangramento e dura cerca de 14 dias, mas não tem uma duração fixa: como mencionamos antes, varia de mulher para mulher e também de ciclo para ciclo, terminando quando ocorre a ovulação. A ovulação é um evento que dura alguns instantes, mas o óvulo fica disponível por cerca de 24 horas no organismo para ser fecundado. Após a ovulação começa a fase lútea.
Fase lútea: O período entre a ovulação e a menstruação leva de 12 a 16 dias. Diferente da fase folicular, esse intervalo é praticamente fixo de ciclo para ciclo e em diferentes épocas da vida de uma mesma mulher. Temos um reloginho próprio que cronometra esse período. Uma vez que aprendermos a perceber quando ovulamos, podemos observar alguns ciclos seguidos para saber quantos dias tem a fase lútea para nós, assim podendo prever com mais certeza a data de nossa menstruação.
O endométrio é um tecido que reveste o útero preparando-o para uma possível gestação. Ao longo do ciclo, ele aumenta sua espessura e, quando a fecundação não ocorre, ele é expelido pelo útero, no que chamamos de menstruação. A imagem mostra o endométrio no primeiro dia da menstruação onde é totalmente expelido. Aos poucos vai novamente se formando e aumentando de espessura até que um novo ciclo se inicie.
Fase Folicular: Contrações uterinas expulsam o endométrio do útero, gerando a menstruação. Após, o endométrio está fino e recomeçando a sua formação.
Fase Lútea: O endométrio continuar a engrossar cada vez mais, à espera de um óvulo fecundado.
Todos os processos do nosso ciclo são regidos por hormônios gerados pela glândula hipófise (no cérebro) e pelos ovários. São estes hormônios que prepararam em nós a terra fértil para receber uma nova vida e expulsam essa terra-sangue quando escolhemos não gerar um filho.
Localizada no cérebro, a hipófise é uma glândula que produz os hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e o LH (hormônio luteinizante). Esses hormônios atuam no processo de amadurecimento do folículo e liberação do óvulo no organismo. O folículo consiste num óvulo revestido. Podemos imaginar esse revestimento como um casaco. Só é necessário esse abrigo quentinho durante o período em que o pequeno óvulo está em desenvolvimento. Depois que o óvulo amadurece, a ovulação acontece, em um pico de ação desses hormônios. No momento da ovulação, algumas mulheres podem sentir uma breve cólica à esquerda ou à direita do ventre, indicando em qual dos ovários ela está ovulando.
Fase Folicular: O hormônio FSH é liberado lentamente pela hipófise, que estimula que vários folículos amadureçam em ambos os nossos ovários. Na iminência da ovulação, cria um pico de FSH e também do hormônio LH. Ambos estimulam a rápida liberação do óvulo que estiver mais maduro nos folículos.
Fase Lútea: Após a ovulação, ambos os picos de FSH e LH baixam rapidamente. Todos os outros folículos que não liberaram óvulos são reabsorvidos.
Nosso sistema reprodutor tem dois ovários que são responsáveis por produzir alguns hormônios relacionados ao ciclo menstrual. Muitos acontecimentos se dão nestas pequenas ‘amendoazinhas’, e ao longo do ciclo tudo o que acontece nelas reverbera em nosso corpo e nossas emoções.
Fase Folicular: No início da fase folicular, quando estamos ainda no período menstrual, temos pouco estrogênio e progesterona no corpo e podemos sentir cansaço e fadiga. Nos ovários, os folículos em desenvolvimento vão aumentando os níveis de estrogênio e com isso começamos a sentir mais energia e força de ação. Os seios ficam mais firmes, a pele mais lisa e passamos a ter uma resposta sensorial mais rápida e atenta.
Fase Lútea: Os folículos que não amadureceram cessam seu desenvolvimento e diminuem abruptamente os níveis de estrogênio. Após liberar o óvulo, o folículo vazio, ainda no ovário, se torna o corpo lúteo. Este corpo é responsável por produzir progesterona, dando nome à este segundo momento do ciclo, a fase lútea. Com as alterações hormonais repentinas, podemos sentir as emoções com mais intensidade, cansaço, inchaço, aumento de apetite, dor no seios, acne e diminuição da libido causadas pela ação da progesterona. O corpo lúteo no ovário vai involuindo, e diminui também a produção de progesterona.
O colo do útero ou cérvix é a parte inferior do útero, que faz sua ligação com o canal vaginal. Devido à ação do estrogênio, o colo muda sua altura e textura ao longo do ciclo, ficando mais alto ou baixo, macio ou firme.
Para perceber as mudanças no seu colo do útero, você deve introduzir o seu dedo médio no canal vaginal até perceber a presença de um furinho com a textura parecida com a ponta do nariz. Esse é o seu colo do útero! Se quiser, você também pode observá-lo com um espéculo e um espelho em casa ou pedir para sua ginecologista para te mostrar.
Fase Folicular: Durante o período menstrual, o colo do útero fica mais baixo e é possível alcançá-lo facilmente com a ponta do dedo. Sua consistência é firme, como a ponta do nariz. Aos poucos com a ação do estrogênio, o cérvix começa a subir e ficar mais macio. Perto da ovulação nosso colo está bem alto, aberto, e macio como os lábios da boca.
Fase Lútea: O colo volta a baixar, ficando fácil de alcançar com o dedo.
O muco cervical é um fluido natural e saudável produzido pelas células mucossecretoras do colo do útero. Ao longo do ciclo o muco muda sua textura, cor e quantidade. Quanto mais abundante e líquido, mais próximo à ovulação a mulher está. O muco escorre pela vagina até a vulva e pode ser percebido se usamos os dedos ou quando nos limpamos com um papel.
Fase Folicular: Ocorre a menstruação. Conforme decorrem os dias, o estrogênio aumenta a produção de muco cervical. Inicialmente o muco tem um aspecto mais branco, seco, grudento. A medida que vão subindo os níveis de estrogênio, o muco vai ficando mais transparente, elástico com consistência de clara de ovo e aguado. Seu gosto fica mais adocicado. Quanto mais próximo a ovulação, mais abundante, líquido e fértil é o muco. Algumas mulheres podem ter um breve e pequeno sangramento “de escape” durante a ovulação.
A vagina é um ambiente naturalmente ácido e nossos fluídos férteis criam o ambiente alcalino ideal para os espermatozóides se movimentarem e sobreviverem no corpo da mulher por até 5 dias, aguardando por nossa ovulação.
Fase Lútea: Após a ovulação a produção de muco diminui, e fica com aparência branca, cremosa e pegajosa, ou cessa.
Temperatura basal é a temperatura do corpo em estado de repouso. Devemos medir nossa temperatura ao acordar ainda antes de levantar, diariamente usando um termômetro basal (com 2 casas decimais após a vírgula). As temperaturas colocadas em um gráfico desenham um padrão semelhante a uma escada: as mais baixas estão no andar inferior indicando a fase folicular e as temperaturas mais altas no andar superior, indicando a fase lútea. O aumento de temperatura (por 3 dias seguidos) é o único indicativo de que a ovulação ocorreu (já que não temos como prever antes dela ocorrer). O método sintotermal (Fertility Awereness Method, em inglês) usa a temperatura como o indicativo principal para a consciência de nossa fertilidade, sendo eficaz para quem quer evitar ou atingir uma gravidez.
Fase Folicular: Na fase folicular a temperatura de uma mulher varia entre 36,10° a 36,38° celsius.
Fase Lútea: Na fase lútea a temperatura aumenta de 36,39° a 37° celsius.
Existem diversos métodos contraceptivos baseados na percepção dos sinais de fertilidade (como o método sintotermal, método billings, justisse etc.). Aqui não tratamos de contracepção, mas trouxemos a informação sobre nosso ciclo e sobre os sinais externos que são perceptíveis e indicam nosso período fértil. Essas informações servem como os primeiros passos para tomada de consciência dos nossos corpos e ciclos. Se você tiver interesse em utilizar a percepção de fertilidade como método contraceptivo, sugerimos o estudo profundo de algum desses métodos, combinado ao estudo profundo do seu próprio ciclo. Os métodos de percepção de fertilidade requerem bastante compromisso, disciplina e autoestudo, mas como recompensa, temos o conhecimento dos nossos corpos e com isso conquistamos autonomia em relação à nossa fertilidade (para promover ou evitar uma gravidez) e nossa saúde como mulheres.
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Errata: Nas duas primeiras tiragens da Mandala Lunar 2019 esse gráfico estava com os hormônios da hipófise e ovários invertidos. Arrumamos para a terceira tiragem e para essa versão digital.
Errata
A Mandala Lunar 2022 possui um erro nas páginas no diário, nos dias 9, 10, 11, 12, 13 e 14 de abril (páginas 144, 145 e 146). Neles, os dias da semana saíram errados e os corretos são sábado, domingo, segunda, terça, quarta e quinta.
Esse erro não prejudica o uso e você pode corrigi-los a mão, conforme a nossa sugestão na imagem abaixo.