Com o poder da palavra, podemos conjurar novos mundos. Fazemos isso com o sopro de vida que recebemos da mãe Terra, conscientes de que somos parte dela e de que dependemos da vida de muitos seres para existir e experienciar esta breve passagem-vida. O ar que sai de nossas bocas emana intenção, assim como as pala- vras escritas por nossas mãos e todas as outras ações que fazemos enquanto ainda respiramos — ou seja, enquanto ainda estamos vivas.
Nós humanos estivemos por muito tempo em estado de parcial negacionismo, seguindo nossas vidas mesmo sabendo que as mudanças climáticas ameaçam nossa existência. Agora já não se pode mais ignorar o colapso climático que inviabilizará a vida de milhões de seres complexos, sensíveis e fascinantes — incluindo nós mesmas. Frente ao desamparo que sentimos ao perceber a dimensão dos danos ambientais, podemos acabar nos resignando, com uma sensação de impotência.
Precisamos usar nossa “ansiedade climática” como energia cinética para a revolução de que necessitamos, pois, ainda que não possamos evitar as mudanças climáticas, podemos ao menos minimizar seus danos. Cada 0,01 grau Celsius que pudermos evitar que aumente na média de temperatura global faz uma enorme dife- rença. Sobretudo, podemos nos engajar em construir formas alternativas de viver na nova era climática. Vamos seguir com uma visão de mundo individualista e de desconexão com valores como o amor, a verdade e a não violência, ou vamos lutar para superar o capitalismo e construir um sistema mais justo, de cuidado mútuo e colaboração?
Acreditamos que é possível compostar este velho mundo para gerar um novo modo de ser e viver, inspirado pelas experiências comunais dos povos originários; que é possível trabalhar para espalhar a consciência do amor de Gaia por todos os seres nessa fascinante Teia da Vida. Se a todos despertasse esse entendimento, talvez poderíamos reativar a utopia que nos permite criar conjuntamente um futuro possível de bem viver. Precisamos resistir e reencantar nosso mundo por meio de práticas amorosas como a arte, a brincadeira, a capoeira, a dança; e também cultivar laços comunitários, como a conexão com amigas/os que nos enxergam de verdade e que não nos deixam desistir. Entendemos essas como coisas capazes de nos reabastecer do desejo radical de transformar o mundo e da força necessária para superar esse sistema predatório em que vivemos atualmente.
Desejamos que a Mandala Lunar seja uma companheira nessa jornada em direção ao nosso centro para agirmos com mais consciência e em conexão com os ritmos e com o amor de Gaia.
Com amor,
ieve e naíla