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É comum sentirmos dor na menstruação?

Quantas de nós crescemos ouvindo que “é normal ter dor durante a menstruação”? Como algo que precisa ser aceito, vivido e, no máximo, que podemos tomar um remédio para que essa dor passe?

Crescemos assim acreditando que é normal sentir dor, que faz parte da experiência de ser mulher e menstruar. Ao buscar atendimento por profissionais de saúde, muitas mulheres têm suas queixas ignoradas, pois mesmo profissionais treinados podem acreditar que é normal a dor que ela sente ou que é coisa “da cabeça dela”.  

Uma dor leve pode ser considerada “normal”, mas sentir dores incapacitantes não. Viver nosso ciclo não é para ser dolorido, e se em cada menstruação sentimos dores que nos impedem de fazer coisas do dia a dia, devemos investigar suas causas e atuar para amenizá-las, pois dores intensas podem ser um sinal de alerta para doenças subjacentes. 

Por que as cólicas menstruais acontecem e como amenizá-las?

Tanto as cólicas quanto a dor na lombar costumam acontecer por excesso de prostaglandina, uma substância hormonal que, em excesso, provoca fortes contrações do útero, que pressionam os vasos sanguíneos e dificultam o suprimento de oxigênio aos tecidos. 

A cólica menstrual (dismenorreia) pode ser classificada de duas maneiras, primária e secundária.

A dismenorreia primária é a cólica menstrual leve a moderada que acontece em decorrência das contrações uterinas. Por isso uma dor leve a moderada pode ser considerada normal e varia de pessoa para pessoa e de ciclo para ciclo. 

Bolsas de água quente, massagem na região com óleo morno e a ingestão de magnésio um encontrado em alimentos como sementes de abóbora e girassol pode ajudar a reduzir as cólicas primárias. A ingestão de magnésio faz com que o músculo liso do útero relaxe e aconteça uma redução das prostaglandinas. Consumi-lo também pode ser positivo para a rotina de sono.

A dismenorreia secundária é uma dor intensa geralmente causada por alguma questão de saúde subjacente como a endometriose, adenomiose, mioma ou outra doença pélvica.

Endometriose

A endometriose é uma doença crônica caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial. Ele normalmente reveste o útero, mas no caso da endometriose, ele cresce fora dessa cavidade uterina – geralmente na região pélvica, podendo estar nos ovários, trompas, intestino e bexiga. Isso pode causar muita dor. 

No Brasil, mulheres com endometriose levam em média 7 anos para ter um diagnóstico, devido a muitos profissionais e mesmo as próprias mulheres acharem que é normal sentir dor. Não é. Uma dor intensa ao menstruar, ao ter relações sexuais ou evacuar durante o período menstrual pode ser sintoma de endometriose. A dor é um sinal de alerta do corpo e não devemos menosprezá-la. 

A endometriose não tem “cura” definitiva, mas é possível melhorar seus sintomas a partir de diferentes tratamentos como cirurgia, tratamento hormonal ou mudanças na dieta e estilo de vida. 

Se você desconfia que tem endometriose procure ajuda profissional e busque um tratamento para que você possa viver sem dor. Se quiser, você também pode monitorar seus hábitos de alimentação, atividade física e stress para ver como estes impactam sua saúde e tratamento. 

Principais Sintomas da endometriose: 

  • Cólica e fluxo menstrual intenso
  • Dor no fundo da vagina durante as relações sexuais
  • Diarreia ou intestino preso durante o período menstrual
  • Fadiga
  • Dificuldade de engravidar

Tensão muscular e couraças geradas por questões psicossomáticas

Além desses motivos fisiológicos que citamos, as dores leves a moderadas relacionadas à menstruação também podem ser causadas por questões psicossomáticas, que é quando nosso corpo somatiza fatores emocionais ou psicológicos e os comunica a partir do nosso corpo, normalmente na forma de tensões ou dores. Por isso, memórias de abuso ou traumas que tivemos no decorrer da nossa vida também podem estar associados às cólicas menstruais. Fazer massagens, rebolar e praticar exercícios pélvicos podem ajudar a liberar as tensões da região. E claro, ter o acompanhamento de uma profissional de saúde mental ou somática dependendo da intensidade do sofrimento é muito importante. Você também pode registrar e se auto investigar para buscar possíveis gatilhos para essas memórias que se manifestam no corpo.

Além disso, muitas pessoas têm dificuldades com seus ciclos menstruais, não gostam de menstruar, sentem muita dor, incômodo, nojo ou repulsa. É importante estarmos atentas aos discursos que ouvimos durante toda a vida e à forma como a cultura dominante encara os processos fisiológicos das mulheres para entender o porquê de não gostarmos de menstruar. O tabu da menstruação é uma forma de misoginia. Você não precisa amar sua menstruação, mas observar essas narrativas e se abrir para um novo olhar para si mesma pode ajudar a transformar sua relação com ela.

E você como se relaciona com a sua menstruação? 

Se sua dor está intensa, procure ajuda. 

28 de maio, é o dia da visibilidade menstrual e nosso desejo é que ninguém mais precise sofrer por estar menstruada.

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