Eu estava entremundos, um lugar entre a vigília e o sonho. Pedi, dormindo, para que o inconsciente enviasse um sonho e que eu pudesse me recordar dele. Em seguida, uma imagem masculina surgiu: era uma espécie de demônio, com pele avermelhada, cor de telha, olhos enigmáticos, um sorriso quase imperceptível no rosto. Soube naquele momento que estava prestes a ir mais fundo no sonho, mas que antes precisaria atravessar o demônio. Em um primeiro momento, eu sentia um pouco de medo, mas entendi que o demônio não me faria mal. Eu precisava arriscar e aceitar o convite. Meneei um sim com a cabeça e passei por um portal, onde cenas de novos sonhos se apresentaram. Entendi que era um daemon, um guardião onírico, um missionário. Talvez alguns sonhos precisem que atravessemos o que potencialmente nos aterroriza para que, então, alcancemos camadas mais profundas do reino onírico.