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A importância da escrita diária

A escrita regular aumenta a autoconsciência, a capacidade de expressão, de memória, de presença e de lucidez. Colocar no papel tudo o que sentimos pode ajudar a processar as situações vividas e a ter uma visão mais nítida de nossas necessidades, padrões, medos e desejos, contribuindo para aumentar nosso discernimento e para resolver conflitos internos ou com outras pessoas. Muitas vezes fazemos as coisas sem perceber o porquê ou quais os efeitos que essas mudanças estão provocando em nós. Muito sofrimento é causado pela confusão e escrever nos ajuda a organizar os pensamentos. A escrita auxilia no processo de nos conscientizarmos sobre nossos pensamentos e emoções e reler os escritos nos permite ver o todo e identificar de onde vêm nossos sentimentos, contribuindo para nossa saúde mental.

O registro é um movimento de introspecção e de atenção que vai na contramão dos tempos em que vivemos, onde falhamos cada vez mais em estar no presente. Comumente estamos distraídas, viciadas em absorver informações, sendo constantemente reativadas pelas agendas de outras pessoas ou criando e compartilhando conteúdo a ser validado pelos outros. Se, ao rolar a barra de uma rede social, escapamos da realidade, ao voltarmos para dentro, nos perguntando o que vivemos e como nos sentimos hoje, ativamos um estado de consciência e presença. O diário nos ajuda a criar uma rotina de autocuidado, saindo do estado de ansiedade para o estado de presença e de aterramento.

Nesse contexto de feeds infinitos e notificações, criar o hábito de escrever diariamente pode ser desafiador – podendo tornar-se, inclusive, um motivo para a autocobrança – , uma vez que nossa atenção é tão disputada. No início, precisamos relembrar nossa intenção: por que esse registro é importante para mim? Então, vamos validando o processo, acolhendo nossas resistências e, aos poucos, a escrita passa a ser um chamado gentil, até se tornar um hábito.

Escrever nos auxilia a pesquisar os nossos processos, cultivar hábitos que nos ajudem a perceber e lembrar, como observar (com gentileza), registrar (com verdade) e revisitar (com interesse), iluminando assim padrões e necessidades para cada vez mais realizarmos escolhas de forma consciente e conectada com o nosso propósito.

  • Observe como está se sentindo. Perceba suas sensações físicas, pensamentos, tensões, auto críticas, memórias. A atenção pode ser um farol gentil que nos mostra onde e como estamos.
  • Crie um espaço na sua vida para registrar. Recapitule tudo o que você viveu ao longo do dia (ou do dia anterior). Pergunte-se como foi seu dia, criando uma lista de perguntas que te ajudem a reconhecer e registrar o que é mais importante ser estudado nesse momento por você.
  • Revisite seus registros. Esse é o momento de avaliar o que passou e entender mais sobre o nosso universo interior. Ao revisitá-los, podemos ter uma visão do todo e identificarmos relações entre o que aconteceu e como reagimos.

Nossa sugestão é que você reserve um horário para a escrita pessoal. Escreva com total liberdade e comece com gentileza. Mesmo acreditando que não tenha nada para escrever, você pode iniciar registrando situações do seu dia a dia. Revele para o papel seus pensamentos e sentimentos registrando de forma não seletiva e expressando tanto alegrias quanto raivas, tristezas, desconfortos e desafios.

A escrita como um ato de sinceridade profunda com nós mesmas pode ser um portal de autoconhecimento e de elucidação dos nossos processos, além de ser um processo autoral e revolucionário.

Lembre-se: o processo é vivo, é seu e é cíclico.

As ilustrações são da Natália Gregori para a Mandala Lunar 2022

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